26 de dezembro de 2012

Não ao aumento das passagens em São Paulo, Guarulhos e em todo o estado!





       Entra ano e sai ano, as prefeituras do país sempre colocam para a população um problema a mais: o custo da tarifa de ônibus. No ano de 2012, a maior parte dos prefeitos, pelo menos em São Paulo, procuraram não ter esse desgaste sobretudo por ser ano de eleição. Kassab (PSD), prefeito da cidade de São Paulo, por exemplo, enfrentou quase 3 meses de atos de milhares de paulistas revoltados com o abusivo aumento no ano de 2011. Os economistas dizem que no país o aumento pode chegar a 10% e sequer iniciamos 2013 e já temos confirmações do que está por vir.   

         Em Campinas, o sistema de ônibus é utilizado por grande parcela da população local: calcula-se cerca de 600 mil passageiros todos os dias. Muitos destes usuários ficaram surpresos e indignados com o aumento da passagem, que entrou em vigor no último dia 2 de dezembro.


         O prefeito da cidade, Pedro Serafim (PDT), ampliou o preço da passagem municipal para o maior patamar já alcançado por uma tarifa de ônibus no Brasil: R$3,30.

         A Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc), representante das cinco concessionárias privadas que oferecem os serviços à prefeitura local, justificou o aumento em suas planilhas argumentando que se deve ao equilíbrio financeiro do contrato.

         Agora, uma série de projetos municipais de reajuste de tarifa correm em diversas câmaras e prefeituras por todo estado de São Paulo. Na capital paulista, por exemplo, a previsão não é diferente: o ex-Ministro da Educação e recém eleito à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciou mais um aumento para o começo de seu mandato. O anúncio causou constrangimento em boa parte de seu eleitorado, que o via como alternativa ao projeto fracassado de gestão do atual prefeito Kassab, e das sucessivas gestões do PSDB. Haddad diz que irá aumentar apenas no limite da inflação, escondendo o fato de que nos últimos 2 anos os subsídios para congelar a tarifa foram pagos pelos trabalhadores, mas que isso não é suficiente para pagar todas as taxas, assim o aumento será necessariamente acima, para dar conta de todos os acúmulos das taxas, ou então o corte será nas gratuidades oferecidas a idosos, carteiros, meia passagem estudantil e etc. Não iremos permitir!

         Os moradores da cidade de São Paulo já pagam R$3,00, bem acima de outras grandes capitais brasileiras, como Belo Horizonte em que o usuário atualmente paga R$2,65. Ainda assim, as empresas exigem mais e a prefeitura cede. O abuso será geral e no ABC Paulista, onde em várias cidades também congelaram as tarifas no ano de eleição, os valores pedidos pelas empresas de ônibus podem chegar a R$ 3,40. No Rio de Janeiro, o recém reeleito Eduardo Paes já anuncia o aumento da passagem de ônibus, atualmente de R$2,75, para R$3,05.

         A previsão de aumentos abusivos atingirá também a segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo, a cidade não capital mais populosa do país: Guarulhos.

         Atualmente, o preço da tarifa de ônibus local também está na marca dos R$3,00, como na capital, mas com graves contradições. Se o sistema de transporte de São Paulo já é conhecidamente deficitário, funcionando de forma precária em horários de pico, e prejudicando imensamente os trabalhadores da cidade, em Guarulhos o cenário é ainda pior: há décadas que os prefeitos alegam estudar projetos de implementação de metrô, trens, e nada sai do papel, nada deixa de ser promessa vazia.

         O Censo do IBGE, realizado em 2010, aponta para um total de 1,2 milhões de guarulhenses, numa densidade de 2843,72 moradores por quilômetro quadrado.  Com tamanho volume de trabalhadores todos os dias transitando da periferia para o centro, ou de Guarulhos para São Paulo, e sem qualquer transporte de massa disponível, forma-se um caos no trânsito, condenando a maior parte da população a horas de engarrafamento, presa em ônibus e vans superlotadas.

         A última promessa dos governantes, contudo, é que o metrô chegará à divisa, notem bem, à divisa da cidade de São Paulo, próxima a Guarulhos, em 2018. O início das obras de extensão da linha verde, que cumpriria esse percurso, foi anunciado para o segundo semestre de 2013. Se levarmos em conta o ritmo das obras do metrô na capital, nada garante que isto não passe de mais um engodo.

         Hoje, jornais locais anunciaram o decreto em que o prefeito de Guarulhos Sebastião Almeida (PT) aumenta em 10% o valor da tarifa, ou seja, assim como Campinas, chegará aos R$3,30. Um completo absurdo !

         Guarulhos detém o segundo maior PIB do estado, e o oitavo maior PIB do país, ficando à frente de cidades importantes como Osasco, São José dos Campos, Campinas, São Bernardo, e de capitais como Fortaleza, Salvador, Recife, Florianópolis e Aracajú. Ou seja, o que não falta a Guarulhos é dinheiro para que as obras que melhorariam a condição de vida da população local aconteçam e para que se baixe o preço da passagem. Mas se não é esse o determinante, então, qual é? A resposta é simples: vontade política. 

         É a mesma vontade política que, mais uma vez, opta por continuar pensando o conjunto do sistema de transporte público brasileiro como fonte de lucro e especulação, lucro destinado a uma pequena elite dona de empresas privadas. Empresas estas que participam ativamente do financiamento das campanhas dos prefeitos que, todos os anos, decidem o destino de milhões de brasileiros…


         Nós, da ANEL, repudiamos essa politicagem. Temos clareza que só com independência financeira pode haver real compromisso com a mudança de rumos em nosso país. Por isso não depositamos nossas esperanças em nenhum desses prefeitos que já deixam claro a que vieram.


         Não acreditamos que os brasileiros e brasileiras tenham de perder suas vidas, todos os dias, presos num sistema de transporte infernal, que não lhes serve. Por isso defendemos a estatização sem indenização de todo o sistema privado de transporte coletivo, que este seja colocado sob controle dos trabalhadores e trabalhadoras, com uma tarifa social subsidiada pelo Estado. E chamamos todos os estudantes do estado de São Paulo e do Brasil a estarem conosco nessa luta!         

         Em São Paulo pequenas mobilizações já começam a acontecer, assim como em Guarulhos, Suzano e cidades ao redor. Queremos somar forças a essa luta, para que 2013 se inicie com muita mobilização por aquilo que nos é de direito! Chega de aumentos abusivos!


- Contra o aumento das passagens!
- Redução imediata de todas as tarifas !
- Passe livre para todos os estudantes e desempregados !
- Pela mudança do modo de transporte para matriz ferroviária !
- Pelo fim do sistema privado de transporte coletivo ! Estatização já!